“Sério mesmo que quase todo mundo está namorando? Legal. Um monte de casaizinhos desfilando pelas ruas, se agarrando nas esquinas e nos portões de casa para provar ao mundo que estão juntos. Eu não tenho inveja deles. Eu só acho que está faltando dinheiro para o motel ou papai e mamãe não os permite fazer coisinhas dentro de casa. Só acho que eles estão perdendo seu tempo tentando mostrar que se amam, porque por baixo de um relacionamento feliz há um monte de brigas bobinhas. Eu me sinto mais poderosa sozinha do que com um cara adolescente ao meu lado, que provavelmente vai me encher o saco com seu ciúme idiota e certas vezes nem vai me deixar respirar. Pego o meu fone de ouvido, enfio o meu celular em qualquer canto secreto pra não dar bobeira pros ladrões, escuto as músicas mais bizarras e caminho pelo meu bairro como se todos ao meu redor fossem apenas poeiras do vento. Sozinha? Não! Apenas sem um acessório grudento que vai me dar sermões todos os dias, pedindo para eu não dar confiança para os meus amigos. Pedindo para que eu faça dele o centro do meu mundo, quando ele não é. Eu saio pra onde quiser, volto quando quiser. Namorado mesmo eu tenho em casa. Adoro meu travesseiro. Ele é fofinho, ele acaricia minha pele como ninguém. Ele me dá bons sonhos e não me cobra porcaria nenhuma. E quando eu acordo, ele nem vai ligar se pareço desleixada. O ponto principal é que ele nunca irá me trair. Nem fingir ser algo que não é. Então me poupem, e parem de esfregar na minha cara que estão apaixonados, porque isso não impressiona mais nem lagartixa que sobe pelas paredes. Se por acaso eu ter outro relacionamento, vou ir direto a um ponto chamado amor. E esse cara vai ter que me ajudar a fazer faxina em casa ao invés de pedir permissão pro meu pai para poder me levar na balada do ano.”

(beleza interior)