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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


Vencedor

Venho por meio dessa lhe informar do prêmio. Será entregue em sua residência. Em plástico bolha, fita crepe, caixa de papelão, papel dourado espelhado. 
Pode colocar na mesinha preta, ao lado daquele troço legal que sua mãe te deu. Uma peça de design chique e um coração ensanguentado. 
Vão te perguntar de onde vem aquele coração e você vai ter mais uma história pra contar baixinho, no ouvido das garotas: essa é boa, quer ouvir? Eu no meio de suas carrancas, cabeças de faraós, estrelas e leões. O vencedor.
Pode voltar a respirar, pode fechar a janelinha emperrada da cozinha. Caso fique pesado para a sua decoração, me deixe com os bonequinhos do banheiro. 
Não serviu a saudade que eu sentia só porque você espremia saquinho por saquinho do shoyo longe de mim. Nem era longe, era logo ali, mas eu sentia saudade. Você queria uma prova, você queria a cabeça pra levar pro rei do seu peito. Você queria decapitar a mente que poderia te magoar.
Eu jurei, um dia, vendo você dormir e gostando tanto de você pra pouco tempo, que não teria medo e seria doce e não escreveria uma linha e você seria o escolhido pra não ser mais um escolhido.
Mas você levou meu coração, então só me resta a maldade, a bondade contrariada, que sempre me faz recorrer ao lugar comum de escrever um texto. O lugar onde tanta gente já esteve, o que é uma mentira só pra te ferir. O amor não é um jogo mas você ganhou. 
Daqui a pouco você vai se perguntar o que faz exatamente com isso, se não era melhor ter me deixado com o coração, assim eu poderia continuar gostando de você. Eu gostar de você só é um mérito se eu puder ir junto.
Talvez você me mande de volta o prêmio, a caixa rasgada, o papel dourado amassado, o laço frouxo, o coração assustado. E me peça que continue apenas sentindo saudade de quando você demora com os saquinhos de shoyo. 
Pra gente voltar de onde se tem coragem. De onde a pressa é angustia solitária e não um caminhão de lixo que se joga no outro. De onde a insegurança é um gatinho preso numa jaula alta e não um tigre alimentado pelo ego. O amor recém-nascido e alimentado com água pura. Eu estava nele quando você achou que diminuindo seu ritmo você aumentaria suas chances. 
O triste, e por isso eu te ligo e reclamo que é solitário, é que enquanto você pensa em chances, ritmos e ganhos, eu só penso em você.


(Tati Bernardi)


O ator

Estou dentro do carro há vinte minutos e ele não desce. Ligo e ele não atende. Ele sabe que estou aqui, eu disse que estava saindo. Ele então aparece, colocando o cinto na calça. Vejo um pedaço da barriga. Ele entra no carro e aperta meu braço. Eu vejo um pedaço do calcanhar. Eu vejo um pedaço da nuca e ela está vermelha, coisa de quem se enxugou rápido porque ficou enrolando pra tomar banho. Eu tenho um impulso de enfiar minha cara inteira dentro da camisa dele pra cheirar o centro do seu peito. Onde mistura o cheiro do amaciante, dos pelos e do desodorante que parece ter o cheiro das testosteronas dos deuses. Quando se está com um homem assim, eu lembro "meu deus, como eu gosto disso". Eu não gosto de trabalhar, eu não gosto de mais da metade de tudo que eu como, eu não gosto de falar ao telefone, eu não gosto de ser paquerada, eu não gosto de festa de família, eu não gosto de acordar, eu não gosto de pagar conta, eu não gosto das minhas roupas, eu não gosto de 80% dos papos que as pessoas querem começar comigo, eu não gosto de colocar o umbigo nas costas na aula de yoga, da minha vizinha que está sempre berrando com alguém ao telefone, eu não gosto da louça, do pessoal que me pergunta como faz pra trabalhar num sei onde, de listas de presentes. Mas eu gosto disso, eu vivo pra isso, eu acordo pra isso, eu trabalho pra isso, eu tomo banho pra isso. Isso é: esse momento em que eu coloco minha cabeça numa caixinha e sou inteira um animal predador que pode matar pra ter o que comer ao final. O cabelo dele é muito cabelo. Ele tem uma covinha na expressão da boca. Não é onde as pessoas graciosas tem. É na expressão do sorriso. Ele parece desenhado por alguém minuciosamente grosseiro. Ele então começa seu festival de me adores. Ele é ator. E começa então com seu festival de me adores. Ele quer ser adorado. Ele tem mulheres mais bonitas e o que tenho de melhor ele nem tem muita capacidade mental pra valorizar. Mas ele sabe que tenho algo diferente e que é legal ser adorado por uma garota que tem algo de diferente. E eu o adoro. Ele fala sobre o horário da madrugada que acordamos com um frio no estômago. É um texto que recebeu e tem que decorar para uma leitura. Ele não consegue explicar nada sobre o texto. Ele me pergunta porque almoçar é com ç e almocei não. E isso, dito por um deus grego, me parece um tratado profundo sobre a humanidade. Não importa, amor. Basta saber que seu gigantesco ombro ultrapassa os limites do banco do carona e vai o caminho inteiro roçando em mim. Ele se demora no cardápio. Ele adora as refeições semanais nas quais uma garota com olhos enormes pra cima dele, presta atenção quase que religiosa a tanta baboseira. Ele conta em detalhes sobre a peça e a outra peça e a novela e o filme e as famosas todas que ligam pra ele o tempo todo e os produtores e esse papo que nunca quer dizer nada a não ser sobre ele próprio enquanto ator. Eu escuto nononononononononono. Não, não é isso. Eu escuto música clássica. E torço para que o tormento acabe logo. Vamos logo pra casa. Me conte tudo isso pelado, que tal? Eu juro que escuto tudo, dou minha opinião e de repente até te escrevo uma peça inteira na qual você, nu…Eu só penso nele pelado. Ele é uma linda moça chata e eu um macho encantado pelo filme mais lindo do cinema mudo. Enquanto ele tenta concluir frases, eu me pego pensando "se ele não quiser ir pra minha casa, não vou pagar a droga da conta. Se ele não quiser ir pra minha casa, eu vou tentar no carro e eu…eu vou ficar louco se ele não quiser ir pra minha casa". A ereção da mulher é ainda mais forte porque não tem fim. É no buraco da existência. Ele pede o décimo café e quer falar mais e contar mais. E encosta em mim, gosta de sentar colado, e fala ao meu ouvido, e mexe no meu cabelo. Me adore, eu sou ator, me adore. Sim, querido, muito, muito. Em casa, ele deita no sofá, sou sempre eu que tenho que começar tudo. Eu que faço a massagem, o carinho, eu que mordo, assopro, lambo e mais esse monte de coisa. Quase tenho saudade da entrega perfeccionista que só os feios e os pobres têm como qualidade. Mas passa rápido. Ele pede, reclama, dorme, acorda, pede mais. Sim, querido. Deixa tudo comigo, apenas exista. Pessoas como você apenas precisam existir e nada mais, pessoas como você podem tudo, até escrever almocei com ç. Aliás, você tem razão, almoçei é a coisa mais linda que já vi na minha vida.

(Tati Bernardi)


Ninguém

Sapato baixo, calça larga e cabelo preso. Esquentou e seus ombros tensos agradecem. Que cara bonita é essa? Já logo no elevador. Ah, devo ter dormido bem. Bom dia, bom dia. Olha, você está muito bonita hoje. Um fala, outro concorda. E pelos corredores, sorrisos dão continuidade aos elogios. O que é? Que segredo ela guarda? Que novidade é essa? Na cozinha perguntam: novo amor? No estacionamento perguntam: voltou com alguém? No restaurante, na hora do almoço: é alguém novo? Cruza com um namorado antigo "nossa, você tá muito... é o quê? Sexo? A noite toda? Conta, vai, eu agüento ouvir". Contar o quê? No espelho, enquanto escova os dentes, fecha os olhos e sabe pra si o segredo: ninguém. Não gostar de ninguém. Nada. Nem um restinho de nada. Nem de tudo que acabou e nem de nada que possa começar. Nada. Pouco importa qualquer outra vida do mundo. Não é nem pouco, é nada mesmo. Um dia inteiro para achar gostosas coisas bobas como um pacote de pipoca doce, um tênis pink ou a hora do banho quente com músicas recém baixadas e o tapetinho vermelho. Um dia inteiro sem escravidão. O celular, o e-mail, o telefone de casa, o ar, o interfone, a rua. São o que são e não carrascos que nada dizem e nada trazem. Um coração calmo, se ocupando de mandar sangue para as horas felizes de trabalho, estudo, yoga, massagem, dormir, bobeiras, pilates, comer, rir, cabelo, filmes, comprar, trabalhar mais, ler, amigos . É isso. Uma agenda enorme que a ocupa de ser ela e não sobra uma linha de dia pra lamentar existências alheias. Linda, ela segue. Linda e feliz como nunca. O segredo do espelho, escovando os dentes, sozinha, aperta os olhos, segura a alma um pouco sem respirar. Segura a pasta pensando que é um pouco de alma consistente na boca. Não cospe, suporte. Ela pode finalmente suportar seu peso e não dividir isso nem com o ventinho que entra pela janela. Nem com o ralo que a espera boquiaberto. A sensação é a da manhã seguinte que o papai Noel deixava os presentes: não é mentira, é só um jeito de contar a verdade com algum encantamento.

(Tati Bernardi)


Encrenca

Conheço ele na casa de uma amiga. São ao todo oito homens solteiros, felizes e solícitos. Mas ele, estranho, reservado e tentando há horas estabelecer uma conversa com o gato da casa, me chama a atenção. Aquele alí é…? Xiii, Tati, encrenca. Mesmo? Tem certeza? Absoluta. Encrenca das grandes. Não me dou por satisfeita. Preciso saber mais. Descubro que ele já saiu com a irmã de um grande amigo. Na segunda ligo pra ele. E sua irmã? Casou. Mesmo? Foi. Mas e o…? Xiiii, Tati, encrenca. Mesmo? Nossa, bota encrenca nisso. Das grandes, amiga. Certeza? Posso confiar? Pode. Sei bem o que tô te falando. Mas se você estiver com dúvida, sabe a Ana? Então, a prima dela já saiu com ele. Jura? Juro. Na terça ligo pra Ana. E sua prima? Ah, menina, toda feliz, morando em Londres. Mas ela já saiu com o…., não saiu? Xiiiii, nossa, nem fala esse nome pra ela, nossa, EN-CREN-CA. Das bravas. Das grandes. Mesmo? Olha, tô pra ver encrenca maior. Mas se você tiver com alguma dúvida, o Beto, sabe o Beto? Foi chefe dele. Na quarta ligo pro Beto. E, aí, cara? Tudo certo? Certíssimo. Tô grávido do segundo moleque. Que beleza. Mas me fala, você já foi chefe do…? Menina, nem me lembra disso. Uma puta encrenca, viu. Olha, prefiro nem tocar nesse assunto. Mesmo? Sério. Mas olha, quem pode te falar melhor é o Dr. Ricardo. Tratou ele ano passado. Mesmo? Ele foi no Dr. Ricardo? Pra você ver o tamanho da encrenca. Na quinta ligo pro Dr. Ricardo. Sei como são essas coisas de discrição médica. Mas…e o…? Tati, não vou te falar nada, é antiético, você entende, né? Mas como você é minha amiga, vou te falar só uma coisa: o cara é a maior encrenca da cidade. Talvez do país. Mesmo? Mesmo. Mas se você tiver com alguma dúvida, minha irmã mais velha, a Fabi, fez faculdade com ele. Na sexta ligo pra Fabi. E aí, gata? Menina, quanto tempo! Faz mesmo. E você? Algum paquera novo? Sim, tô noiva! Jura! Juro! Mas e o…ouvi dizer que vocês estudaram juntos já. Ah não! Esse assunto não! Pô, mó vibe. Tati, olha, esse cara redefiniu pra mim o conceito de encrenca. Manja "A" encrenca. Então. Mas se você tiver alguma dúvida…não, não tenho mais dúvida nenhuma. Chega. Já ouvi tudo o que eu precisava. No sábado ligo pra ele, coração disparado, não é sempre que encontramos alguém tão bem recomendado.

(Tati Bernardi)


Inferno

Começou quando comi o terceiro sonho de valsa e eu nem estava com fome. Mais tarde, na segunda colherada de sopa, eu já queria vomitar, mas estava morta de fome. Conheço de longe, ou tão de perto, a tensão sexual: é a fome matadora que enjoa. É estar inflada demais pra se saciar, mas de um tamanho desproporcional para ficar saciada. Não faz sentido e é bem bobo de querer fazer. É vontade de mastigar algo, mas uma mão sai de dentro do estômago, passa pela boca e quer estapear o mundo. É desejo de porcaria e necessidade de vitamina. É preciso triturar, mas só passa líquido, quando passa. É a esquizofrenia da gana. 
Dai decidi que agora não. Ah, agora não. Tudo de novo? Não. Então peguei meu celular, assim, meio ocupada, óculos e tal e mordendo o lábio inferior um pouco ressecado e, sem dó, deletei seu número de celular. Deletei as mensagens de texto também. E deletei seu nome e as fotos e a música e tudo.
E deletei você de tudo que me informa da sua vida e do lugar mais difícil de todos: do lixo do computador. Foi quando piorei. Vi seu carro parado na rua de trás e quebrei inteiro. Vi sua casa e ateei fogo. E vi você andando na rua e te atropelei. E nada adiantou. Porque você é antes de agora. Então voltei no mundo e deletei seu começo. E deletei o mundo. E deletei a explosão cósmica. 
E nada adiantou, nada, porque desejo se forma em um lugar que é de onde somos também. Então eu teria que me deletar. E não adiantaria de agora, tipo: "não existo! Valendo!". Teria que ser de antes. Mas complicou demais. E é por isso que escrevo isso da sua sala iluminada pelo sol mais feliz de todos que é o sol do dia seguinte quando ainda estamos no dia anterior. A vida que ultrapassa a gente só porque esses pequenos momentos de amor nos congelam dando uma falsa sensação de que pode ser bom pra sempre. Enquanto você dorme com uma camiseta cheirosa e é, posso dizer com certeza, a pessoa mais bonita que eu já vi numa cama desarrumada. Poucas coisas são tão claras como isso que percebo agora: você é tão bonito que eu tenho esse riso congelado mesmo quando está insuportável fazer xixi baixinho porque a droga do seu banheiro é colado com a cama sem ter uma mísera parede. Odeio as casas modernas e os casais modernos e o sexo moderno e ser moderna. Eu quero parar com essa vidinha e ter um amor pra vida. Mas e mas e mas e mas. Você é tão bonito que renova a mesmice do cinismo amoroso. Por você vale qualquer sombra na alma.
E é isso. Agora é suspirar feito besta, meus celulares e e-mails e o ar voltam a ser objetos de tortura, sempre a espera da próxima vez que você vai me pedir que morda o violão pra escutar a música dentro do cérebro. E você desafinando e meu cérebro consertando tudo dentro da minha imaginação. Não é amor porque amor é mais do que essa escravidão estética. Não é paixão porque eu só me apaixono por quem eu quero destruir e eu só quero limpar com uma palhinha de ouro seu corpo num pedestal. Não é só tesão, porque eu passaria o resto da minha existência fazendo carinho nos cachos do seu cabelo e você com 18 metros de altura parecendo um menino. Não é nada dessas coisas todas que a gente separa numa caixinha da mente pra continuar arrumando o resto das gavetas da vida. Então o quê? É isso, o xixi baixinho olhando a pessoa mais bonita que já vi numa cama desarrumada. É encantamento puro com um pouco de dor porque até a falta de dor tem muito de dor. E mais o sol e mais as formigas e mais a camiseta cheirosa e o xixi baixinho. É só o inferno.


(Tati Bernardi)


O AMOR É UMA DOENÇA


Eu não sei guardar coisas. Se eu compro chocolates, como todos no mesmo dia. 
Se eu compro balas, chicletes, devoro todos em minutos, compulsivamente. 
Detesto saber que algo me espera, quero acabar logo com aquilo. 
Não sei lidar com a responsabilidade da felicidade. A felicidade guardada na bolsa ou na vida. 
Eu tenho um homem lindo me esperando essa hora, e eu quero com todas as células do meu corpo ir ao encontro dele. 
Mas eu não sei lidar com tanta felicidade, por isso estou planejando a morte dele. 
Estou planejando matá-lo com minha estupidez, quero que ele morra fulminado pelas minhas armas de boicote. 
Quero que ele perceba o quanto sou chata, ciumenta, louca e doente. E que ele enjoe logo da minha cara abatida de intensidade. Que ele pegue logo bode do meu cansaço em viver tanto, porque vivo muito mesmo quando estou deitada olhando para um ponto fixo. 
É tão cansativo ser eu mesma com todos os meus medos e neuroses, e quero que ele sinta o fardo do meu peso. 
Morra e me liberte dessa alegria incontrolável. Passe desta para uma melhor, porque eu sou um lixo. 
Eu lembro daquele conto da Clarice em que a garotinha ruiva guardava os contos para ler depois, porque queria prolongar o mistério da felicidade. 
Pois eu quero mais é botar fogo em todos os contos de felicidade que a vida escreve para mim, porque por alguma razão maluca a felicidade me escraviza, me paralisa, me faz ficar triste. 
Eu olho para você e tenho tanta, mas tanta alegria em saber que você existe, que sinto ódio. Ódio de eu não mais esperar por você. 
O sentido da minha vida era encontrar você. O motivo para eu seguir adiante nos corredores 
escuros e bater em portas obscuras, era a sua busca. 
Agora que você está sentado numa sala clara e óbvia, não preciso mais me enfiar em buracos. 
Mas os buracos eram a única trilha que eu conhecia. 
Você me soltou na atmosfera e eu estou voando. E eu sinto saudades do buraco, da espera, da angústia. 
Eu sinto falta de olhar triste para o espelho e me sentir metade. Agora que eu tenho você, 
nem perco mais meu tempo olhando para o espelho, porque só tenho olhos para você. 
Você me roubou de mim mesma. E eu sou tão ciumenta que estou com ciúmes de mim. 
Você me tirou da minha vida incompleta. E me transformou numa completa idiota. 
O amor é uma doença. 
Eu sinto náuseas, febres, dores musculares. 
Eu acordo assustada no meio da noite. Eu choro à toa. 
Eu estava do lado da sujeira, eu era a outra, eu estava por dentro do crime. 
Você me fez sentir um mundo limpo, verdadeiro e eterno. E esse mundo é tão novo pra mim, 
que eu te odeio. Que eu estou pequena nele, e preciso de você o tempo todo para me abraçar e dizer que está tudo bem. 
E quando você não está por perto, eu caio. Porque não sei nada desse mundo de alegrias e coisas bonitas. 
Você não me deu saída. Você transformou todas as vozes que me davam escapatórias para outros corredores, em sons sem lábia. Minhas saídas perderam as escadas escuras e charmosas, porque você lavou meu chão de imundicies com amaciante Fofo. 
Se eu tentar fugir, escorrego no perfume da minha nova vida. 
A nova vida que não sei viver. 
A nova vida que quero viver ao seu lado. 
Ao lado do homem que eu odeio porque nunca amei tanto. 
Ao lado da felicidade que eu odeio porque se ela acabar, não sei mais se consigo voltar pra casa. E nem se quero. 
Era eu, entende? Era eu que me atracava com o lado errado da vida para estar sempre certa. 
Era eu a resposta para todas as perguntas que ninguém tem coragem de perguntar. 
Sim, o mundo é imperfeito, as pessoas traem, o amor não existe, seu marido me come, 
seu namorado me come, o mundo quer me comer enquanto você borda seu laço cor-de-rosa. 
Agora eu estou aqui, inconformada com o seu passado, querendo matar suas lembranças. 
Com ciúmes do seu silêncio porque ele está com você há mais tempo do que eu e eu tenho medo do quanto ele te consome, com ciúmes do seu sono porque ele te leva do meu foco. 
Com raiva da sua importância porque ela me congela, com raiva do tempo que não dura para sempre quando você me olha sabendo das minhas loucuras e ainda assim me amando. 
Agora eu estou aqui, querendo que todos os amores do mundo durem para sempre, e que nenês nasçam, e que árvores cresçam e que garotas vagabundas não nos invejem e que os desejos das nossas sombras não nos traia. 
Agora eu estou aqui, de quatro, de língua no chão, te odiando muito, virando a cara, socando você, cuspindo em você, te tratando mal, tudo isso porque não sei lidar com o mundo girando na minha barriga, a tontura do amor, o enjôo do vício em você, a dor do músculo quando me separo. 
Pode parecer maluco, mas todas as minhas súplicas para que você desista de mim, é um jeito maluco de pedir que você não desista nunca, pelo amor de Deus.


(Tati Berbardi)


Sou a mulher mais cansada do mundo.
Fico cansada assim que me levanto.
A vida requer um esforço de que me sinto incapaz.


O amor é uma doença

Eu sinto náuseas, febres, dores musculares. Eu acordo assustada no meio da noite. Eu choro à toa.

(Tati Bernardi)


Imagem - Sandy Leah

Eu já sei que o meu coração quer se apaixonar
Mas não sei se deve
Desta vez, acho que vou me entregar
Espero que chegue um alguém
Que queira me amar
Mas eu sei que devo mudar

Tenho que descobrir
Quem sou eu, sem mentir
E uma outra imagem vai em mim refletir

Nunca mais eu vou enganar o meu coração
E nisso eu confio
Quero é mais dizer para o mundo com emoção
Que agora sei quem sou

Tenho que descobrir
Quem sou eu, sem mentir
E um grande amor vai vir pra mim, eu sei
Vou dar meu coração sem temor, para alguém
E uma outra imagem vai em mim refletir

A beleza do amor me faz voar
E sinto em meu peito um fogo arder, não quer parar
Eu vou me transformar, ser alguém, outra vez
Não terei, então, que me esconder, jamais

Vou dar meu coração sem temor, para alguém
E uma outra imagem vai em mim refletir...
E uma outra imagem vai em mim refletir...



My Sacrifice - Creed

Meu Sacrifício

Olá meu amigo, nos encontramos denovo
Já faz algum tempo, por onde devemos começar? Parece que faz uma eternidade
Dentro do meu coração há uma memória
Do amor perfeito que você me deu
Sim, eu me lembro.

Quando você está comigo,
Eu estou livre...Eu estou descuidado...Eu acredito
Acima de todos os outros nós voaremos
Isto traz lágrimas aos meus olhos
Meu sacrifício

Temos assistido a nossa quota de altos e baixos
Oh, como a vida pode dar voltas tão rapidamente?
Parece ser tão bom reunir
Dentro de si mesmo e dentro de sua mente
Vamos achar a paz lá

Quando você está comigo,
Eu estou livre...Eu estou descuidado...Eu acredito.
Acima de todos os outros nós voaremos
Isso traz lágrimas aos meus olhos
Meu sacrifício

Eu só queria dizer olá novamente
Eu só queria dizer olá novamente

Quando você está comigo,
Eu estou livre...Eu estou descuidado...Eu acredito
Acima de todos os outros nós voaremos
Isto traz lágrimas aos meus olhos

Quando você está comigo,
Eu estou livre...Eu estou descuidado...Eu acredito.
Acima de todos os outros nós voaremos
Isso traz lágrimas aos meus olhos
Meu sacrifício

Meu sacrifício
(Eu só queria dizer olá novamente)

Só queria dizer olá novamente
Meu sacrifício.


A paixão tem 3 estágios.

Negação
Admissão
Regeneração

Nada mais a declarar.